quinta-feira, 4 de junho de 2009

Espaço em branco

"Sai correndo no parque e me joguei na água gelada de agosto, invadi sem ter direito a névoa dos canteiros, destaquei meu corpo contra a madrugada, esmaguei flores não nascidas, apertei meu peito na laje fria do cimento, a névoa e eu, o parque e eu, a madrugada e eu, costurado na noite cerzido no escuro porque me dissolvia à medida em que me integrava no ser do parque, e me desintegrava de mim mesmo, preenchendo espaços, aqueles enormes espaços brancos, terrivelmente brancos e você não teve olhos para ver que o parque era você, a água era você, a névoa você ,a madrugada você, as flores você, os canteiros você, o cimento você”

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