quinta-feira, 4 de junho de 2009

No vácuo de mim

(Silêncio)
- Por favor.
- Por favor o que?
- Não se mate.
- Ah, esquece. O sol está indo embora. Só falta um terço dele.
- Ninguém se mata por amor.
- Agora só tem uma lasquinha dele, bem vermelhinha.
- Olha, uma vez eu li um cara, um escritor chamado Cesare Pavese, que dizia assim: “Ninguém se suicida por amor. Suicida-se porque o amor, não importa qual seja, nos revela na nossa nudez, na nossa miséria, no nosso estado desarmado, no nosso nada.”
- E o que aconteceu com ele, esse tal Cesare?
- Se matou.
(Silêncio)

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